A Navantia, o grupo público espanhol de construção naval, fechou o acordo para a aquisição do estaleiro naval da Irlanda do Norte Harland & Wolff, construtor do histórico Titanic. Com esta operação, a empresa espanhola salvará 1.000 postos de trabalho nas suas quatro fábricas no Reino Unido, anunciou o governo britânico na quinta-feira.
A Navantia indicou num comunicado que “iniciou conversações com a empresa britânica Harland & Wolff para adquirir as suas actividades na Irlanda do Norte (Belfast), Inglaterra (Appledore) e Escócia (Methil e Arnish), e garantir o cumprimento do programa de construção naval Fleet Solid Support (FSS) num mercado tão relevante como o britânico”.
O Ministério do Comércio de Londres ratificou que melhorou as condições do contrato para este programa FSS, através do qual as empresas britânicas e espanholas construirão três navios para a Marinha Real Britânica. A Navantia UK é o contratante principal do Programa FSS para a construção destes três navios de 216 metros de comprimento e 39.000 toneladas para a Royal Fleet Auxiliary para apoio logístico ao Grupo de Porta-Aviões da Royal Navy, em parceria com a empresa de design BMT e o estaleiro naval da Irlanda do Norte.
O grupo espanhol afirma que o contrato relativo a este programa está agora avaliado em cerca de 2 000 milhões de euros e envolve 1 600 postos de trabalho (diretos, indiretos e induzidos) em Espanha, graças à participação do seu estaleiro em Puerto Real (Cádis), para além das instalações da Harland & Wolff em Belfast e Appledore.
O acordo para a compra da Harland & Wolff, que deverá estar concluído em janeiro, “é um importante voto de confiança no Reino Unido por parte da Navantia, que não só assegurará o futuro da construção naval no país, como protegerá 1000 postos de trabalho e atrairá futuros investimentos”, afirmou o Ministro do Comércio britânico, Jonathan Reynolds.
O acordo, do qual não foram fornecidos pormenores financeiros, assegura o futuro dos quatro estaleiros da Harland & Wolff na Irlanda do Norte – onde foi fundada em 1861 -, na Escócia e no condado inglês de Devon. Isto porque a Harland & Wolff declarou-se insolvente em setembro passado, depois de não ter conseguido obter uma garantia governamental para um empréstimo de 200 milhões de libras (243 milhões de euros), segundo o jornal britânico “Financial Times” na altura
Titanic
N
No crepúsculo do início do século XX, a humanidade testemunhou o nascimento de uma maravilha da engenharia marítima – o RMS Titanic. Este navio, que se tornou sinónimo de tragédia e romance, foi uma demonstração de opulência e avanço tecnológico da época. A sua história é um relato de sonhos, ambições e, finalmente, de uma catástrofe que abalou o mundo.

Construído pelos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, Irlanda, o Titanic era o segundo de três navios da classe Olympic da White Star Line, projetados para serem os maiores e mais luxuosos navios de passageiros do mundo. Com 269 metros de comprimento e 28 metros de largura, o Titanic era, na época, o maior navio a flutuar.
A sua viagem inaugural, que começou em 10 de abril de 1912, partindo de Southampton, Inglaterra, com destino a Nova Iorque, foi amplamente publicitada. O Titanic não era apenas um colosso dos mares, mas também uma obra-prima de luxo e conforto. Suas instalações incluíam uma piscina, ginásio, biblioteca, restaurantes opulentos e cabines suntuosas, destinadas a atrair a elite da sociedade da época.
No entanto, a viagem que começou com fanfarra e celebração teria um fim trágico. Na noite de 14 de abril, navegando pelo Atlântico Norte, o Titanic colidiu com um iceberg. A colisão causou danos fatais aos compartimentos estanques do navio, que foram projetados para mantê-lo à tona mesmo se alguns fossem inundados. Infelizmente, a força do impacto e a extensão do dano foram subestimadas, e o navio começou a afundar.
O desastre foi exacerbado pela falta de botes salva-vidas suficientes para todos a bordo. Dos aproximadamente 2.224 passageiros e tripulantes, mais de 1.500 perderam a vida nas águas geladas do Atlântico. A tragédia do Titanic não foi apenas uma perda de vidas; foi um duro golpe para a confiança na tecnologia e no progresso.

A história do Titanic é repleta de heroísmo, sacrifício e, claro, histórias de amor e perda. A banda do navio, que tocou até os últimos momentos, os operadores de rádio que enviaram pedidos desesperados de ajuda, e as muitas histórias de passageiros e tripulantes tornaram-se lendas.
Após o naufrágio, as investigações levaram a mudanças significativas nas leis marítimas internacionais, incluindo regulamentos mais rigorosos sobre botes salva-vidas, patrulhas de gelo no Atlântico e a criação do International Ice Patrol.
O RMS Titanic jaz no fundo do oceano, a cerca de 3.800 metros de profundidade, mas a sua história continua a emergir à superfície, capturando a imaginação de gerações. O navio, que foi projetado para ser inafundável, tornou-se um lembrete eterno da falibilidade humana e da força indomável da natureza.
A tragédia do Titanic ressoa até hoje, um século depois, não apenas como uma história de advertência, mas também como um testemunho da busca incessante da humanidade pela grandeza, mesmo diante dos maiores perigos. O Titanic não foi apenas um navio; tornou-se um ícone cultural, um monumento à era dourada da navegação transatlântica e um símbolo eterno da tragédia no mar.